10/18/21 em Para ver
Biafra, a guerra e a fome Sem TAG muito bom – ver
Nos anos 1970 e 1980, a gente aprendia pouco sobre a África a escola: era aquela narrativa sobre o Cabo das Tormentas sendo renomeado como Cabo da Boa Esperança, o Egito Antigo, alguma coisa sobre a conquista do território africano pelos europeus e pronto. Não havia uma nota sobre a descolonização da África. Sobre isso, vinham imagens nos jornais e revistas, e eram sempre imagens de militares carrancudos em seus palácios extravagantes ou de crianças morrendo de fome em campos de refugiados. Aliás, o cantor Biafra ganhou esse apelido por conta da sua magreza na infância, por conta das imagens de pessoas, particularmente crianças, magérrimas e desnutridas em decorrência da Guerra de Biafra.
A Guerra de Biafra é o pano de fundo deste romance de Chimamanda Adichie. Aqui, ela conta a história de três personagens ao longo dos anos 1960. É nesta década que a Nigéria tem que lidar com a saída do colonizador, a Inglaterra, e com a separação de uma parte do seu território, Biafra. É aí que explodem a guerra e a fome. E é aí que o mundo ocidental, rico e civilizado, que tanto havia explorado o continente, adota sua postura frente aos problemas: o silêncio.
“O mundo estava calado quando nós morremos.”
São três as principais personagens desta história: um garoto que vem de uma aldeia rural para trabalhar como empregado doméstico na casa de um professor universitário, uma jovem rica e recém formada que volta da universidade em Londres e um inglês idealista que troca a metrópole pela colônia. No entrelaçamento das vidas cotidianas destas três personagens, Chimamanda Adichie desenvolve um romance rico em personagens secundárias, em tramas que envolvem relações familiares, empresariais e governamentais, em detalhes de vestimentas, alimentos, moradias, costumes, em como armas, bombas e estilhaços se transformam em brincadeiras infantis.