01/12/22 em Para ler
Chico, o Buarque, sempre.
Escrevo a quente, tão logo li a notícia de que o filme “Chico – um artista brasileiro” foi proibido de estrear no Uruguai, onde seria exibido numa mostra de filmes brasileiros com patrocínio da embaixada brasileira de lá. Se é fake news, eu não sei. Li na coluna de Ancelmo Gois, no site do jornal O Globo – então, se não for bem isso, vou botar a culpa nele. Embora, dado o governo obtuso que temos, deve mesmo ser verdade. Pois bem…
Eu não preciso defender Chico Buarque. Ele é um artista já provado, tem mais de 50 anos de estrada mostrando a que veio e mostrando que continua indo, sem ter parado para dormir sobre a glória de seus grandes sucessos.
Eu não preciso defender Chico Buarque porque muitos outros brasileiros, com voz mais escutada do que a minha, com espaços mais amplos do que o meu, com força maior do que a minha o farão.
No entanto, eu quero defender Chico Buarque. E defendo!
Poucos escritores brasileiros terão deixado um grande livro. Chico deixará pelo menos dois: Leite Derramado e Budapeste.
Na música brasileira, não há compositor que tenha usado melhor o que a língua portuguesa oferece do que Chico Buarque. Seu léxico é riquíssimo. Não sabe o que é léxico? Vá ao dicionário. Sugiro o Caldas Aulete, como o próprio Chico um dia afirmou em entrevista. Quantos enfiam um ‘a janela dela é sem gelosia’ numa letra, fazem rima rica e mantém a coerência da construção da cena? Só um bom aluno de Tom e Vinícius – aliás, Tom também disse em entrevista que sobre Chico Buarque ele ficava sem palavras, e finalizou com um “Chico é Chico”.
Nestas tortuosas trilhas
A viola nos redime
Creia, caro brasileiro
Contra moléstia de quem manda
Chico Buarque de Hollanda
É ilustre timoneiro
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Link da coluna de Ancelmo Gois: https://blogs.oglobo.globo.com/ancelmo/post/itamaraty-censura-filme-sobre-chico-buarque-no-uruguai.html