01/11/22 em Para ler
Poesia, sempre poesia
OS INOCENTES DO LEBLON (1940)
Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
trouxe imigrantes?
trouxe um gama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
São oitenta anos entre o poema e hoje.
Os inocentes continuam aí, no Leblon, na Paulista, no Pelourinho, no encontro do Negro com o Solimões, nas dunas de Natal e nas serras de Santa Catarina. Do que os inocentes não sabem? O que os inocentes não querem saber?
Há navios entrando nos portos todos os dias, milhares e trilhares de portos recebendo navios e gerando acontecimentos dos quais os inocentes, definitivamente inocentes, nada sabem – nem querem saber.